Um Salto Iluminante

O céu está estrelado como sempre esteve e como nunca o vi.
As gramas brilham cada dia mais verdejantes desde seu primeiro e único verdejar!
Não imagino o quanto possam brilhar no amanhã, ah meu verdejante deus...
O quanto possam brilhar nos verdejantes dias estrelados a chegar, os dias que a mim chegarão.
Que em mim estarão dentro de alguns instantes tão divinos.

Eis que impulsiono meus membros corporais, no ar profundo que me acolhe, entre cada movimento que me conduz.
Um movimento vivo, onde me faz vasto monumento... Dia risonho, um dia surpreendente, totalmente lindo.
Fortemente lindo, arrebatadoramente lindo, transbordou-se todo de meu coração tomando-me por completo, numa cachoeira de tamanho continental feita de céus, pedaços de todos os céus, gotas de universo, pedaços de aventuras inimagináveis.
Os dias dançam em torno deste Dia.
Arremesse seus braços ao infinito, e gire-gire ao infinito.
Engulo-me com felicidade nunca antes assim BONITA.
Infiniteando facilidades nas grutas despertantes, de ilusões serpenteantes, nunca antes, assim INFINITA,
assim sem palavras
MUITO MUITO LONGE
das pequenas palavritas...

Abstraguar-me


Chuva que cai.
Em transparentes turbilhões.

A voz de cada gota em seu impacto divisor,
quando estilhaçam ao chão bonitas assim!
Divisor de águas...
Que em muitas particularidades, suas partes ínfimas molham-se às outras, olham-se gotas.
Recebem ali embaixo, todas que ali ainda cairão.

Quantas gotas podes ouvir?
Na abstração que me surge ao vento poético
que vaga a permear cada fio de chuva...
De cortinas chuvosas, pérolas silenciosas.
Calmaria suntuosa, adornada de seus trovões.
Na claridade do dia!

Na abstração de perder a conta das pérolas vivas eu me derramo ao silêncio de ser vasto.
Colar de contas, pérolas divinas me contam no pomar.
Então visto a voz tranquila a que me fala, me fala através de puras águas tão sinceras. Huum...

Me leva assim, com o pensamento em estado líquido,
e faz-me encher, um recipiente
à maneira suficiente.
É uma taça delicada, é o instante chamado. O próprio Agora.
Preenchido da Paz-sem-tempo. Que passatempo?
Sou o líquido intacto espelhado, sou o vidro que a água guardo, momento aguardado.
Contornado em mim o manto fino cristalino, sou eu Deus espelhado.

Água que aqui acalma, sem onda nem ruído.
Sem movimento não mais é pensamento,
Equidistante de palavras
Áquo-instante é o silêncio...


em silêncio . . .

Onde nenhum navegante jamais sonhou navegar


Um salto rumo às estrelas
Pode ser dado na mesma rapidez
Com que esta Beleza me atira um grito.
Um grito cheio de flores que riem! Que riem!

Um mergulho rumo às estrelas
Pode ser dado na mesma profundidade
Que qualquer profundeza pode ter
Que qualquer beleza você pode escolher

No lugar onde nenhum navegante jamais sonhou explorar
Enquanto não viu que as estrelas, coração e olhos
Eram também seu Mar.


Não foi preciso mais buscá-la...

O Farfalho que Amaciou

Farfalhou no céu os ciscos tracejados tão riscados de uma nuvem
Esbranquiçada em seus fragmentos que se afastavam de si quase devagar
Uma maciez que farfalhava
Farfalhos lentos e elegantes
Da beira deste abismo azul... Desmanchando-se em manchas em oceano sem fim
As manchas macias que rasgavam
Vão mergulhar agora, dissolver no tempo que agora acabou
É a beira, de sua própria beirada, este abismo, dos ismos que se derrubaram
Que se desnublaram!
Solta...
Nuvens soltas, nuas, onde estão suas raízes?

Que silêncio de abismo.

VIRTUDE

(Osho)

As pessoas se tornam boazinhas. Essa não é a verdadeira virtude – é uma camuflagem.

Fazer boas coisas traz respeitabilidade, dá a você uma boa sensação no ego, faz com que você sinta que é importante, significativo – não somente aos olhos do mundo, mas também aos olhos de Deus –, que você pode ficar de pé e até mesmo encontrar Deus e mostrar todos os seus bons feitos. Isso é exaltar o ego, e a religiosidade não pode exaltar o ego.

Não que uma pessoa religiosa seja imoral, mas ela não é moral – ela é amoral. Ela não tem caráter fixo. Seu caráter é líquido, vivo, movendo-se momento a momento.

Ela responde às situações não de acordo com uma atitude, ideia ou ideologia fixa; ela simplesmente responde a partir de sua consciência. Sua consciência é seu único caráter, e não há outro caráter.

Claedênea (John Lucas 2011)

Olás!
Deixo aqui este trabalho terminado recentemente com meus lápis já tão minúsculos, rs.
Uma série de desenhos que compoem a mesma obra.
Nela eu retrato uma visão geral dos planos de consciência em sua jornada existencial; suas passagens, suas travessias; sua recordação e despertar... Enfim, sua transcendência, a (des)integrar-se na eterna Fonte, de inesgotável plenitude.

Amor como sendo Essência primordial e realidade última de todas as coisas.








.
Namastê!

Meditação

Uma mente torturada, frustrada, moldada pelo que a rodeia, que se conforma à moral social estabelecida é, em si própria, confusa; e uma mente confusa não pode descobrir o que é a Verdade. Para a mente descobrir esse estranho mistério — se tal coisa existe — ela precisa de construir as bases de uma conduta moral, o que não tem nada a ver com a moralidade social, uma conduta sem medos e, portanto, livre. Só então — depois de lançada esta base profunda — a mente poderá prosseguir no sentido de descobrir o que é meditação, essa qualidade de silêncio, de observação, no qual o "observador" não existe. Se esta base de conduta correta não está presente na existência de cada um, na sua ação, então a meditação tem muito pouco significado.
K.

Águas Belas de Cachoeiras Multi-Esferas (áudio)



Aquelas flores brancas na margem do rio, do rio do tempo, do tempo alegre.
A cachoeira é o templo do tempo. A correnteza que salta das alturas e deságua pelas próprias águas, que se abraçam firmes. Deságuam pelas pedras a rolar, pela vegetação a acariciar.

Caminho com cuidado, e vou adentrando pela chuva de inspirações que preenchem a esfera de minha mente. O silêncio é suave e fino, em cima do aglomerado sonoro que é a própria cachoeira caindo! Uma cachoeira de sons! Caminho contra a correnteza, de encontro ao pé da queda cristalina. Olho ao redor, a correnteza atravessando minhas pernas.
É o tempo... Ta voltando tudo pra trás e eu to aqui quieto em fino instante agora!

Ondas da água do tempo, que alimentam aqueles que são alimentados pelo tempo.
Que alimentam aqueles que são alimentados por ele.
Alimenta o que é alimentado.
Eu avanço no tempo, pois, estou agora neutro. Enquanto estou num único ponto do tempo, o Agora, o tempo vai correndo pra trás, correndo pra trás, mas estou vivo agora e o futuro se abre o tempo todo. Eu sou o Agora. O futuro vem pra trás. O vento traz, a água leva!

Ondas do ar do vento, que congelam meu corpo, gotinhas infinitas em meus poros infinitos, expandindo. A água que jorra das quedas é quase ar, mas há muita água também. A água viaja no ar e se torna ele. E o ar se torna o mais profundo ar!
Vou caminhando, escalando pedras, acompanhando o verde da floresta que guarda a água que mora neste coração da natureza! Sento no alto de uma pedra alta para amar.

Lá no sol da galáxia explosões gigantes bailando discretas. Aqui recebo como grande calor, que me aquece, me esquenta. Calor único, que não varia. Roupas e roupas protegem meu corpo da radiação cósmica.
No alto da pedra, abaixo de árvores diferentes que sobem um morro muito alto, mas tão mais alto.
No alto da pedra aqui embaixo, com as flores brancas, folhas verdes, do outro lado da alegoria da água.
No alto da pedra, com diversas borboletas em sua bem-aventurança, e os insetos conscientes do que são. Ouço o som do tempo que desmancha na matéria, na matéria que molha que refresca em sua transparência. Tão transparente que não fica quente, ela gela.
No alto da pedra o calor do deserto, o calor carregado no ar, com as manchas de frio saltando do ar, consumindo novos ares.
Minha pele grita para mim. Consciência além dessas fronteiras, pois aqui não é a nossa dimensão. Mas há os sinais de onde somos. Se a face da alma sente algo, o leva até nisso que se sente, porque veio de algum lugar. Vamos pra esse lugar. Seja o lugar, e descanse... e de onde este lugar surgiu? Mergulhe mais, viva mais.


Para Agora é o Sempre, não existe outro sempre.
Ou não haveria de vivenciar o Infinito.

O Tempo Cósmico a Desaguar... (áudio)



Tempo no Universo, adentro
Tempo dentro, do Universo
Une o tempo nos versos
Verso une tempo
Vento, verso, dentro, desverso, universo, tentro, dempo, multiverso afora

Universo Momento, mundo, dentro, tempo, mundo, momento
Universo respira, respira em respiração... Para o mundo profunda respiração.
O Tempo engole o Momento, mas o momento é sempre momento e não muda de forma, porque ao ser engolido, está no momento engolido, e o momento é que está em momento.
A casca do momento! Um instante do plasma momentâneo na teia do tempo, que suga a mudança, o momento plasmático...

Momento Unificado
Não pode ser prolongado
Assim entrando no tempo
Do olhar acelerado

O momento transcende o tempo
No momento não existe ar, não existe vento
No momento Sou Eu Sou, o Sol em instrumento
Instrumentando por amor, por amor, por amor

Nem coisas existem, as coisas são coisas
O abstrato perfura o concreto
Com a violenta suavidade que vai necessitar
O que tem que ser? Não tem que sentir.
Já É, já. Só Seja. Vamos sendo.
Sendo, sendo, posso estar nem vendo
Vou acendendo a chama que estou sendo
Sol que este Sou que estou sendo
Que estou Quietos! - acendo amor, sendo o Ah!
Acendo amor radiante
Sendo amor, muito amor
Somos poucos pro amor

Suficientes
Porque é o amor que nos contêm
Contem com tempo, tempo que não existe
Somos nós formados de amor, amor que flameja existência
Amor dos meus planetas
Os planetas do meu amor

Nos anéis de fogo e do ar. Da água e do vento.
E o campo sutil ao qual o amor comporta.
Poesias são apenas o pedaço poético
Degraus que vão até certo ponto


O ponto fundamental!

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Surretalhos da Existência (áudio)

Costurando os Retalhos da Existência

Pedras
Praias de pedra
.
Costurando pensamentos nos retalhos da existência
.
Retalhos esses que são as poeirinhas que desfiaram do verdadeiro manto. Fios desgovernados no nada... Mas para quem mora na linha, a referência é a costura... Pois lá se vai a costura e seus retalhozinhos pensantes, nas poeirinhas pensantes.
São pedras personificadas.
.
Mas quanta personalidade!
Personas...
...Trocando uma máscara por outra...
...Mascarando uma troca por uma outra...
Penso, logo penso que existo.
Penso, logo penso que existo!
.
Não sei quem sou, pois não sou quem sei.
Não sou quem sei, pois não sei quem sou...
.
Quantas voltas pode uma chave dar,
Fechadura abrir, fechar abrer abrar?
Ou... Pedra sou?
Penso que fechou.
Do céu sol me ri.
...
Elevai-me Astral Que-me-abri Que da semente só senti
Não sou eu.

Ondas Magistrais (áudio)



Cantondas que cantam nas ondas o mais longo ondular
São o mais fino limiar.
As muralhas aquarelas da auréola do Ondular desmorona-se na finura do mais fino limiar.
As auras são brilhantes, estas brilhantes auras auriculares da aquarelância dos maleáveis furacões aqua-quânticos imersos a Um Magistral Comando.
Com sua magia, anda com maestria, galgando a suave primosia.

Afundai-vos de uma vez por todas nas Ondas Magistrais.
Achareis a Magistral Quietude das profundezas divinas, repousando na eternidade que a contém.
Oceano Orquestral, nuvem sideral.
As nuvens que navegam nas magistrais ondas.
Por onde anda a onda eu ainda nado no Nada.
No Magistral que dá início, a tudo acaba.
Como poeira que some do passado que galga.

Sumamos meus humanos!

Libélula Prateada (áudio)


(2009)
Num extenso lago azul-aquareante moravam algumas libélulas prateadas, não havia um número certo de quantas elas eram, mas eram poucas... Elas galgavam na superfície como delicadas pinças. As Libélulas Prateadas tinham um assobio dourado que flopeabeava com muita harmonia, cuja extensão explodiu de tamanho e o lago gargalhava por dentro em tons dourados, porque misturou-se com o assobio das moradoras. Das moradouradas!

Lu e Sheldd Amon-Rá (2009)

Rellen e Cristiano (2010)

Matrimônio Riva e Júlia (2010)


Na Cidade dos Pobres (Gibran)

Ontem, libertei-me do barulho da cidade e saí a caminhar por arredores mais tranqüilos até atingir um cume elevado que a natureza havia enfeitado com suas jóias mais belas. Diante de mim, estendia-se a cidade com seus arranha-céus e suas mansões, sob as densas nuvens de fumaça dos veículos e das indústrias.

Ante aquele lugar bucólico, me ponho a meditar sobre as atividades humanas. Achei-as, na sua maioria, mera agitação e fadiga. Esquecendo o homem, desviei o olhar para o campo, sede da glória divina e, não muito distante, vi uma necrópole, com seus túmulos de mármore rodeados por pinheiros.

Frente à cidade dos vivos e à dos mortos continuei a pensar. Pensava no movimento permanente e na luta incansável da primeira, e na quietude e paz que dominam na outra. Na primeira, lutam a esperança e o desespero, o amor e o ódio, a pobreza e a opulência, a fé e o ceticismo. Na outra a natureza acumula pó sobre pó, e neles ela cria, tranqüilamente, árvores e flores.

Enquanto me entregava a essas meditações, chamou-me a atenção uma multidão que avançava, vagarosamente, precedida por um elegante carro fúnebre engalanado por coroas de flores de muitas cores. No cortejo havia majestade, poder e homens de todas as classes. Era o funeral de alguém rico e poderoso: um cadáver que os vivos levavam para sua nova morada entre choros e lágrimas. Quando o cortejo atingiu o mausoléu e o ataúde era retirado de sua condução, consegui distingui-lo. Estava recoberto de elaboradas inscrições, desenhos e cercado por suntuosas coroas de flores. Agruparam-se todos a sua volta; um sacerdote tomou a frente de todos para orar, salmodiar e queimar incenso. Depois, sucederam-se os oradores e os poetas com suas elegias. Enfim, dispersou-se a multidão; voltou o cortejo à cidade, enquanto eu continuava a observá-lo de longe e a meditar.

Logo, o sol começou a descer para o poente, prolongando cada vez mais a sombra das árvores, e a natureza despiu pouco a pouco seu vestido de ouro. A um ruído, me virei e vi dois homens carregando um caixão de madeira comum, seguido por uma mulher em farrapos que segurava uma criança no colo e por um vira-lata miserável que olhava ora para a mulher, ora para o caixão. Era o enterro de um pobre. A mulher era sua esposa, que vertia as lágrimas da dor; a criança era seu filho, que chorava quando via a mãe chorar; o cachorro era seu amigo fiel, que pressentia o que se passava e andava com tristeza.

Chegou o pequeno cortejo ao cemitério; e logo foram enterrar o morto num canto distante, longe dos túmulos de mármore. Depois, afastaram-se num silêncio comovente. Observei-os, até desaparecerem por detrás das árvores.

Olhei, então, para a cidade dos vivos, e disse a mim mesmo: Ela pertence aos ricos e poderosos. Olhei então para a cidade dos mortos, e disse a mim mesmo: Ela também pertence aos ricos e poderosos. Onde está, ó Deus, a cidade dos pobres e humildes?
Ao fazer a pergunta, fitei as densas nuvens coloridas pelos últimos raios de sol e ouvi uma voz no meu interior responder: “Lá!”.

No Universo exterior assim como no Universo interior

(E. Tolle)

Ao erguer os olhos para o céu claro à noite, você pode compreender com a maior facilidade uma verdade que é ao mesmo tempo simples e extraordinariamente profunda. O que é que você vê lá em cima? A Lua, os planetas, as estrelas, a faixa luminosa da Via Láctea, quem sabe um cometa ou até mesmo a vizinha Galáxia de Andrômeda a 2 milhões de anos-luz.
Sim, mas simplificando ainda mais, o que você vê? Objetos flutuando no espaço. Então, o que forma o universo? Objetos e espaço.

Se você não fica sem palavras ao voltar seus olhos para o céu numa noite clara, então não o está observando de verdade, não está consciente da totalidade do que há ali. Provavelmente, está focalizando apenas os objetos e talvez tentando nomeá-los. Caso alguma vez você tenha se maravilhado ao olhar para o espaço - e talvez até sentido um profundo respeito diante
desse mistério incompreensível -, isso mostra que abandonou por um momento seu desejo de explicar e rotular e se tornou consciente não só dos objetos como da profundidade infinita do espaço em si mesmo. Deve ter permanecido silencioso o bastante em seu interior para notar a vastidão em que esses mundos incontáveis existem. O sentimento de admiração não
decorre do fato de que há bilhões de mundos ali, mas da profundidade que contém todos eles.

Não conseguimos ver o espaço, é claro. Também não podemos ouvi-lo, tocá-lo, nem sentir seu gosto e seu cheiro. Então, como somos capazes de saber que ele existe? Essa pergunta aparentemente lógica contém um erro fundamental. A essência do espaço é a imaterialidade, portanto ele não "existe" no sentido convencional da palavra. Apenas as coisas - formas - existem. Até mesmo chamá-lo de espaço pode ser enganador porque, ao
nomeá-lo, nós o transformamos num objeto.

Vamos considerar da seguinte maneira: existe algo dentro de nós que tem afinidade com o espaço, e é por isso que somos capazes de ter consciência dele. Consciência dele? Isso não é totalmente verdadeiro também porque, como podemos ter consciência do espaço se não existe nada lá de que possamos ter consciência?
A resposta é ao mesmo tempo simples e profunda. Quando estamos conscientes do espaço, não estamos de fato conscientes de nada, a não ser da consciência em si - do espaço interior da consciência. Por nosso intermédio, o universo vai se tornando consciente de si mesmo!

Quando o olho não encontra nada para ver, essa imaterialidade é entendida como espaço. Quando os ouvidos não encontram nada para escutar, essa imaterialidade é compreendida como silêncio. Quando os sentidos, que existem para perceber a forma, encontram a ausência da forma, a consciência sem forma que está por trás da percepção e torna possível toda
percepção, toda experiência, não é mais obscurecida pela forma. Quando contemplamos as profundezas insondáveis do espaço ou escutamos o silêncio nas primeiras horas do dia logo após o nascer do Sol, alguma coisa dentro de nós faz eco a isso como um reconhecimento. Então sentimos a enorme profundidade do espaço como nossa e sabemos que esse precioso
silêncio que não tem forma é mais essencialmente nós mesmos do que qualquer das coisas que formam o conteúdo da nossa vida.

Os Upanishads, os antigos textos sagrados da Índia, referem-se a essa mesma verdade com as seguintes palavras:
O que não pode ser visto pelos olhos, mas por meio do qual os olhos podem ver, é unicamente Brahma, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram. O que não pode ser escutado pelos ouvidos, mas por meio do qual os ouvidos são capazes de ouvir, é unicamente Brahma, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram... Aquilo que não pode ser compreendido pela mente, mas por meio da qual a mente consegue pensar, é conhecido unicamente como Brama, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram.

Deixe as mãos dançarem


Sente-se em silêncio e deixe que seus dedos se mexam à vontade. Sinta o movimento a partir de dentro; não tente percebê-lo de fora. Portanto, mantenha os olhos fechados e deixe que a energia flua cada vez mais para as mãos.

As mãos estão profundamente ligadas ao cérebro: a mão direita, com o lado esquerdo do cérebro; a mão esquerda, com o lado direito do cérebro.

Se você der total liberdade de expressão aos seus dedos, muitas tensões acumuladas no cérebro serão aliviadas. Essa é a maneira mais fácil de aliviar o mecanismo do cérebro, suas repressões, sua energia não usada. Suas mãos são perfeitamente capazes de fazer isso.

Algumas vezes você sentirá que sua mão esquerda está erguida, outras a direita. Não imponha nenhum padrão; qualquer que seja a necessidade da energia, ela tomará aquela forma.

Quando o lado esquerdo do cérebro desejar liberar energia, ele desencadeará uma forma determinada. Quando o lado direito do cérebro estiver muito sobrecarregado com a energia, haverá um gesto diferente.

Você pode se tornar um grande meditador por meio dos gestos das mãos. Assim, sente-se em silêncio e brinque, dê permissão às mãos e ficará surpreso: isso é mágico. Você não precisa pular, correr ou fazer muita meditação caótica. Apenas as suas mãos serão suficientes.

A Maçã de como uma Pálpebra segura uma Lágrima


(2008, achado numas anotações perdidas)


Ah, a cristalina água do campo, correndo feliz, com seu frescor líquido...
Parecia ecoar de dentro de mim, pois eu me via fazendo parte dela! Eu me via espelhado em sua tranquila transparência. A água nadava em mim, eu sentia.

O sol brilhava devagar lá no alto, ofuscado pelos conjuntos geométricos de árvores, compridas, retorcidas, com folhas tão verdes que a cor ultrapassava seus limites e se misturava com esse límpido ar da primavera...
Dava pra se perceber algumas nuvens que por vezes nublavam a natureza, e ao fechar os olhos, com o corpo na água corrente, eu podia navegar com elas, podendo ter a forma que eu quisesse. Eu nada estava a 'fazer', estive ali, apenas existindo. E as maravilhas infinitas vinham como fadas do astral beijando delicadamente minha alma, me levavam nas asas de muitas espécies de aves, num profundo pulsar de energia, para compartilhar minha Paz nas redondezas campestres...

Até que uma onda trouxe acolhida a si uma linda maçã, que me tocou de leve na água. Graciosa, despertou-me agradavelmente, pois seu formato flamejava na superfície da perfeição. Sua casca estava tão pura, que podia nitidamente refletir a minha imensa gratidão... Era vidro sem atrito. Sua cor variava sensivelmente de vermelha para azul, e essa transição de cores se manifestava num sorriso! Um contagiante sorriso cósmico.
Mas não veio de mim.
A maçã. Ela, sorria inteiramente... Por sabe que eu a sentia na verdade, justamente por isso.
Ama sã.
Éramos eu e a maçã, em meio ao segundo plano de belezas naturais que cantavam aquela cena, onde a brisa era um pomposo arco de violino, que chorava alegremente sobre as cordas do Vale Iluminado, representadas pela folhagem dos longos eucaliptos. Um mero detalhe perante a grandeza de toda a orquestra divina que ali celebrava a incríveis melodias, que transmitiam a vitalidade. A vitalidade que me ligava a Ela, e que a ligava a Mim.
Degustávamos da mesma energia. Profunda contemplação do amor.


Meu braço esquerdo repousava pela água, água que se entrelaçava por entre os meus dedos, brincando de dançar, enquanto minha mão adormecia, essa mão era o recheio da grande gelatina do rio a fluir. Todo o meu corpo de luz era amigo da maçã. Presença sagrada.
Minha mão direita unida com a fruta servia como um pedestal, então a vim trazendo para mais perto de minha pacífica face...

Ela ficou maior e mais intensa quando se posicionou mais próxima de meus olhos, e a pirâmide do emu terceiro olho começar a repuxar num leve formigamento, mas que quase me levou ao êxtase.
Ela ficou mais sensível, pois pude perceber com mais clareza seu aroma tão perfumado, que era capaz de nos carregar e flutuar, apenas pelas pétalas de cheiro que se projetavam pelas tubulações do inconsciente.
Ela ficou mais comunicável, possuia o dom mágico da expressão. Minha audição podia perceber novos universos, a nova era de ciclos paralelos que se sobressaiam das frequências sonoras por ela emitida.
Em meus dedos e nos tapetes de almofadas da palma de minha mão, foi como se estivesse infiltrando, ramificando em raizes de energia, que pude sentir fluindo em minha rede sanguínea... Meu coração pulsava os batimentos cardíacos de entidades superiores, o batimento das constelações, das estrelas, dos planetas.
A superfície do meu rosto, a minha pele, sentia as vibrações de calor ou de frio que Ela emanava. Mas era algo além da temperatura.
Eu segurava a maçã como uma pálpebra segura uma lágrima.
Ela se encontrava bem próxima de meus rosto e meus sentidos de tão intensificados estavam a ponto de se unir.
A fruta era por meus lábios admirada, eles a penetravam em sua observação... Um instante de tão inédito silêncio... Cheguei a acreditar que o que estava quieto sobre a minha mão era minha boca, e no lugar da boca em meu rosto seria a fruta.
...Eu a beijei.

Senti o contato de cada gotícula de água que nela permanecia como pequenos cristais de luz a enfeitando. Nada fora disso pareceu existir neste instante eterno! Porque esse contato foi tudo, a própria criação. O próprio Criador.




A orquestra das árvores, da natureza, vai então se iniciando novamente, bem baixinha, bem calminha...
Já noto, numa fina linha de percepção, os lençóis d'água se divertindo à minha volta e fazendo me mover, quase imperceptivelmente, num movimento de vai-e-vem... Para frente, e para trás, de um lado... E outro...
Sutil.

A Maçã!
Eu a olho. Meus olhos falam: "Eu a dei um beijo."
Mas ela me induziu a isso.
Nela, havia toda a sabedoria da Natureza. Como se fosse o centro, o núcleo, a nascente de um grande rio de harmonia, que chega então à tenebrosa cachoeira... E vai caindo! E se dá conta então da liberdade do Amor!
Amar durante uma queda d'água de 215 metros de altura e desconhecer o medo !!

A maçã eu deixo intacta... Solto-a pela maciez da água que a leva. Até porque ninguém terá poder de transformá-la para o que ela não é. São segredos intactos da união celeste. Ela se utilizou de meus instrumentos humanos, mecanismos, para traduzir sua mensagem. Eu existo, e saboreio a água da Fonte da Existência. A água me saboreia.

E a Maçã, eu digo agora, foi ela que me beijou.

Princípios dos Milagres em UCEM

1. Não há ordem de dificuldades em milagres. Um não é mais “difícil” nem “maior” do que o outro. Todos são o mesmo. Todas as expressões de amor são máximas.
2. Milagres em si não importam. A única coisa que importa é a sua Fonte, Que está muito além de qualquer avaliação.
3. Milagres ocorrem naturalmente como expressões de amor. O amor que os inspira é o milagre real. Nesse sentido, tudo o que vem do amor, é um milagre.
4. Todos os milagres significam vida, e Deus é o Doador da vida. A Sua Voz vai dirigir-te de forma muito específica. Tudo o que precisas saber te será dito.
5. Milagres são hábitos e devem ser involuntários. Não devem estar sob controle consciente. Milagres conscientemente selecionados podem ser guiados de forma equivocada.
6. Milagres são naturais. Quando não ocorrem, algo errado aconteceu.
7. Milagres são um direito de todos; antes, porém, a purificação é necessária.
8. Milagres são curativos porque suprem uma falta; são apresentados por aqueles que temporariamente têm mais para aqueles que temporariamente têm menos.
9. Milagres são uma espécie de troca. Como todas as expressões de amor, que são sempre miraculosas no sentido verdadeiro, a troca reverte às leis físicas. Trazem mais amor tanto para o doador quanto para aquele que recebe.
10. O uso dos milagres como espetáculos para induzir a crença é uma compreensão equivocada do seu propósito.
11. A oração é o veículo dos milagres. É um meio de comunicação do que foi criado com o Criador. Através da oração o amor é recebido e através dos milagres o amor é expressado.
12. Milagres são pensamentos. Pensamentos podem representar o nível mais baixo ou corporal da experiência, ou o nível mais alto ou espiritual da experiência. Um faz o físico e o outro cria o espiritual.
13. Milagres são tanto princípios como fins, e assim alteram a ordem temporal. São sempre afirmações de renascimento, que parecem retroceder, mas realmente avançam. Eles desfazem o passado no presente e assim liberam o futuro.
14. Milagres dão testemunho da verdade. São convincentes porque surgem da convicção. Sem convicção deterioram-se em mágica, que não faz uso da mente e é, portanto, destrutiva; ou melhor, é o uso não-criativo da mente.
15. Cada dia deve ser devotado aos milagres. O propósito do tempo é fazer com que sejas capaz de aprender como usá-lo construtivamente. É, portanto, um instrumento de ensino e um meio para um fim. O tempo cessará quando não for mais útil para facilitar o aprendizado.
16. Milagres são instrumentos de ensino para demonstrar que dar é tão bem-aventurado quanto receber. Eles simultaneamente aumentam a força do doador e suprem a força de quem recebe.
17. Milagres transcendem o corpo. São passagens súbitas para a invisibilidade, distante do nível corporal. É por isso que curam.
18. Um milagre é um serviço. É o serviço máximo que podes prestar a um outro. E uma forma de amar o teu próximo como a ti mesmo. Reconheces o teu próprio valor e o do teu próximo simultaneamente.
19. Milagres fazem com que as mentes sejam uma só em Deus. Eles dependem de cooperação porque a Filiação é a soma de tudo o que Deus criou. Milagres, portanto, refletem as leis da eternidade, não do tempo.
20. Milagres despertam novamente a consciência de que o espírito, não o corpo, é o altar da verdade. É esse o reconhecimento que conduz ao poder curativo do milagre.
21. Milagres são sinais naturais de perdão. Através dos milagres aceitas o perdão de Deus por estendê-lo a outros.
22. Milagres só são associados com o medo devido à crença em que a escuridão possa ocultar. Tu acreditas que aquilo que os teus olhos físicos não podem ver não existe. Isso conduz a uma negação da visão espiritual.
23. Milagres rearranjam a percepção e colocam todos os níveis em perspectiva verdadeira. Isso é cura porque a doença vem da confusão de níveis.
24. Milagres fazem com que sejas capaz de curar os doentes e ressuscitar os mortos porque tu mesmo fizeste a doença e a morte, podes, portanto, abolir ambos. Tu és um milagre, capaz de criar como o teu Criador. Tudo o mais é o teu próprio pesadelo e não existe. Somente as criações da luz são reais.
25. Milagres são parte de uma cadeia interligada de perdão que, quando completa, é a Expiação. A Expiação funciona durante todo o tempo e em todas as dimensões do tempo.
26. Milagres representam a libertação do medo. ”Expiar” significa “desfazer”. Desfazer o medo e uma parte essencial do valor dos milagres na Expiação.
27. Um milagre é uma benção universal de Deus através de mim para todos os meus irmãos. O privilégio dos perdoados é perdoar.
28. Milagres são um caminho para ganhar a liberação do medo. A revelação induz a um estado no qual o medo já foi abolido. Milagres são assim um meio e a revelação é um fim.
29. Milagres louvam a Deus através de ti. Eles O louvam, honrando Suas criações, afirmando que são perfeitas. Curam porque negam a identificação com o corpo e afirmam a identificação com o espírito.
30. Por reconhecerem o espírito, os milagres ajustam os níveis da percepção e os mostram em alinhamento adequado. Isso coloca o espírito no centro, onde ele pode comunicar-se diretamente.
31. Milagres devem inspirar gratidão, não reverência. Deves agradecer a Deus pelo que real-mente és. As crianças de Deus são santas e os milagres honram a sua santidade, que pode estar oculta, mas nunca perdida.
32. Eu inspiro todos os milagres, que são realmente intercessões. Eles intercedem pela tua santidade e fazem com que as tuas percepções sejam santas. Colocando-te além das leis físicas, eles te erguem à esfera da ordem celestial. Nesta ordem, tu és perfeito.
33. Milagres te honram porque és amável. Eles dissipam ilusões a respeito de ti mesmo e percebem a luz em ti. Assim expiam os teus erros libertando-te dos teus pesadelos. Por liberar a tua mente da prisão das tuas ilusões, restauram a tua sanidade.
34. Milagres restauram a mente à sua plenitude. Por expiar o senso de carência, estabelecem proteção perfeita. A forca do espírito não deixa lugar para intrusões.
35. Milagres são expressões de amor, mas podem não ter sempre efeitos observáveis.
36. Milagres são exemplos do pensamento certo, alinhando as tuas percepções com a verdade tal como Deus a criou.
37. Um milagre e uma correção introduzida por mim num pensamento falso. Age como catalisador, quebrando a percepção errônea e reorganizando-a adequadamente. Isso te coloca sob o princípio da Expiação onde a percepção é curada. Até que isso tenha ocorrido, o conhecimento da Ordem Divina é impossível.
38. O Espírito Santo é o mecanismo dos milagres. Ele reconhece tanto as criações de Deus quanto as tuas ilusões. Ele separa o verdadeiro do falso através da Sua capacidade de perceber de forma total e não seletiva.
39. O milagre dissolve o erro porque o Espírito Santo o identifica como falso ou irreal. Isso é o mesmo que dizer que por perceber a luz, a escuridão automaticamente desaparece.
40. O milagre reconhece todas as pessoas como teu irmão e meu também. É um caminho para se perceber a marca universal de Deus.
41. A integridade é o conteúdo perceptivo dos milagres. Assim, corrigem ou expiam a percepção defeituosa da falta.
42. Uma das maiores contribuições dos milagres é a sua forca para liberar-te do teu falso senso de isolamento, privação e falta.
43. Milagres surgem de um estado milagroso da mente, ou um estado de prontidão para o milagre.
44. O milagre e uma expressão da consciência interior de Cristo e da aceitação da Sua Expiação.
45. Um milagre nunca se perde. Pode tocar muitas pessoas que nem mesmo encontraste e produzir mudanças nunca sonhadas em situações das quais nem mesmo estás ciente.
46. O Espírito Santo é o mais elevado veículo de comunicação. Milagres não envolvem esse tipo de comunicação, porque são instrumentos temporários de comunicação. Quando retornas a tua forma original de comunicação com Deus, por revelação direta, a necessidade de milagres acaba.
47. O milagre é um instrumento de aprendizado que faz com que a necessidade de tempo diminua. Ele estabelece um intervalo temporal fora do padrão, que não está sujeito às leis usuais do tempo. Nesse sentido ele é intemporal.
48. O milagre é o único instrumento a tua disposição imediata para controlar o tempo. Só a revelação o transcende, não tendo absolutamente nada a ver com o tempo.
49. O milagre não faz distinções entre graus de percepção equivocada. É um instrumento para a correção da percepção que é eficiente, sem levar em consideração o grau ou a direção do erro. É isso o que faz com que ele seja verdadeiramente indiscriminado.
50. O milagre compara o que tu fazes com a criação, aceitando como verdadeiro o que está de acordo com ela e rejeitando como falso o que está em desacordo.


(T-1.I.1-50)

Do Bem e o Mal (Gibran)


E um dos anciãos da cidade disse: "Fala-nos do bem e do mal."

E ele respondeu: "Do bem que está em vós, poderei falar, mas não do mal. Pois que é o mal senão o próprio bem torturado por sua fome e sede?
Em verdade, quando o bem sente fome, procura alimento até nos antros escuros, e quanto sente sede, desaltera-se até em águas estagnadas.

Vós sois bons quando vos identificais com vós mesmos. Mas não sois maus quando deixais de vos identificar com vós mesmos.
Pois a casa que se divide não se torna antro de ladrões: é, apenas, uma casa dividida.
E um navio sem leme pode vaguear sem rumo entre recifes perigosos, e não se afundar.

Vós sois bons quando vos esforçais por dar de vós próprios. Mas não sois maus quando vos limitais a procurar o lucro. Pois, quando lutais pelo lucro, sois simplesmente raízes que se agarram a terra e lhe sugam o seio.
Certamente, a fruta não pode dizer à raiz: "Sê como eu, madura e plena, e sempre generosa de tua abundância."
Pois, para a fruta, dar é uma necessidade como, para a raiz, receber é uma necessidade.

Vós sois bons quando falais plenamente acordados. Porém, não sois maus quando adormeceis enquanto vossa língua tartamudeia sem propósito: Mesmo um discurso gaguejante pode fortalecer uma língua débil.

Vós sois bons quando andais rumo a vosso objetivo, firmemente e com passos intrépidos. Porém, não sois maus quando ides coxeando: Mesmo aqueles que coxeiam não andam para trás. Mas vós que sois fortes e velozes, guardai-vos de coxear por complacência na presença dos coxos.

Vós sois bons de inúmeras maneiras, e não sois maus quando não sois bons: Estais apenas ociosos e indolentes. Pena que as gazelas não possam ensinar a velocidade às tartarugas!

Na vossa ânsia pelo nosso Eu-gigante está vossa bondade; e essa ânsia está em todos vós. Mas em alguns, essa ânsia é uma torrente que se precipita impetuosamente para o mar, carregando os segredos das colinas e as canções da floresta;
Em outros, é uma corrente preguiçosa que se perde em meandros e serpenteia. arrastando-se, antes de atingir a costa.

Mas que aquele que muito deseja se guarde de dizer àquele que pouco deseja: "Por que és lento e atrasado?"
Pois o verdadeiramente bom não pergunta ao desnudo: "Onde está tua
roupa?" nem ao desabrigado: "Que aconteceu à tua casa?"

Preenchido com seu próprio Ser


Apenas sente-se debaixo de uma árvore. A brisa está soprando e as folhas da árvore estão farfalhando. O vento lhe toca, se move ao seu redor, e passa. Mas não o deixe somente passar por você; deixe-o mover-se para dentro de você e passar através de você.

Basta fechar seus olhos, e enquanto o vento estiver passando através da árvore provocando um farfalhar das folhas, sinta que você também é como uma árvore, aberto, e o vento está soprando através de você – não pelo seu lado, mas direto através de você.

O farfalhar da árvore penetrará em você, e você sentirá que o ar está passando por cada poro de seu corpo. Está realmente passando através de você. Isso não é só imaginação, é um fato – você esqueceu.

Você não está só respirando pelo nariz, você está respirando através do corpo todo – por cada poro dele, por milhões de poros.Se lhe for permitido respirar através do nariz, mas todos os poros de seu corpo estiverem fechados, você irá morrer dentro de três horas. Você não pode ficar vivo respirando somente pelo nariz.

Cada célula de seu corpo é um organismo vivo, e cada célula está respirando. O ar está realmente passando através de você, mas você perdeu o contato. Portanto, sente-se sob uma árvore e sinta.

No princípio irá parecer imaginação, mas logo se tornará uma realidade. É uma realidade – que o ar está passando através de você. Então se sente sob o sol nascente, e não somente sinta que os raios do sol estão lhe tocando, mas que eles estão penetrando em você e passando através de você, assim você fica vulnerável, você começa a sentir-se aberto.

O ego é a barreira. Quando você sente que você é, você é tanto que nada pode lhe penetrar. Você está preenchido com seu próprio ser. Quando você não é, então tudo pode passar através de você. Você se tornou tão vasto que mesmo o divino pode passar através de você.

Toda a existência agora está pronta para passar através de você, porque você está preparado. Assim toda a arte da religião é como não ser, como se dissolver, como se render, como se tornar um espaço aberto.

Osho

Algo eterno e esquecido

Não perdemos nada. Deus não está perdido, portanto não pode ser encontrado.

Nós apenas nos esquecemos; é só uma questão de lembrarmos. Está lá, no centro de nosso ser.

Chame isso de verdade, Deus, felicidade, beleza: todas essas coisas indicam o mesmo fenômeno. Há algo eterno em nosso ser, algo imortal, algo divino.

Tudo o que temos a fazer é ir fundo, mergulhar no fundo de nosso ser e ver, perceber, reconhecer.

Portanto, a jornada não é exatamente uma jornada. Não vamos a lugar algum. Só temos de nos sentar em silêncio e ser.


Osho

Alegre Flutuância do Ser (vídeo)

Primeiro a rosa do coração tem de se abrir...

(OSHO)

É a partir da bem-aventurança que as rosas, as rosas do coração, crescem. E é das rosas que sai a fragrância do amor.

Você não pode dar algo que não tem, só pode dar aquilo que já tem. Se a rosa interior não se abre, todo seu amor nada mais é que palavras. Se a rosa interior se abre, não há necessidade de dizer coisa alguma, nenhuma palavra é necessária. A fragrância em si basta para transmitir a mensagem.

Não importa o lugar em que você esteja ou a pessoa que lhe faça companhia, o amor irradia, pulsa, torna-se uma dança constante de energia ao redor. Mas, primeiro, a rosa do coração tem de se abrir — e ela só pode se abrir se você suprir a necessidade básica, que é a bem-aventurança.

As pessoas amam por desespero. Essa é a coisa mais impossível, não pode acontecer pela própria natureza da existência, não é possível.

As pessoas amam porque estão tristes. Elas procuram o outro porque estão solitárias, e o amor só é possível quando você é feliz. O amor só é possível quando você não se sente sozinho, e sim quando está sozinho; quando você não está chateado consigo mesmo, mas encantado, extasiado consigo.

A meditação ajuda você a ser bem-aventurado... E esta é a corrente: a meditação o deixa bem-aventurado, a bem-aventurança ajuda a rosa do coração a se abrir, e o amor então vem naturalmente, assim como a fragrância vem da rosa.

Pureza Flamejar (vídeo)

Como você pode saber se alguém realmente lhe ama?


(OSHO)

Existem três camadas no indivíduo humano: sua fisiologia, o corpo; sua psicologia, a mente; e seu ser, seu eu eterno. Amor pode existir em todos os três planos, mas suas qualidades serão diferentes.


No plano da fisiologia, do corpo, é simples sexualidade. Você pode chamar isso de amor, porque a palavra 'amor' parece ser poética, bela. Mas noventa e nove por cento das pessoas estão chamando o sexo delas de amor. Sexo é biológico, psicológico. Sua química, seus hormônios – tudo que é material está envolvido nisso.


Você se apaixona por um homem ou por uma mulher. Você pode descrever exatamente porque essa mulher lhe atraiu? Certamente você não pode ver o eu dela, você ainda nem viu seu próprio eu. Você também não pode ver a psicologia dela, porque para ler a mente de alguém não é uma tarefa fácil. Então o que é que você viu nessa mulher?


Alguma coisa na sua fisiologia, na sua química, nos seus hormônios, se sente atraído pelos hormônios, pela fisiologia, pela química da mulher. Isso não é um caso de amor; isso é um caso químico. Pense bem: a mulher por quem você se apaixonou vai ao médico, muda de sexo, deixa a barba e o bigode crescerem. Você ainda fica apaixonado por ela? Nada mudou, somente a química, os hormônios. Para onde foi seu amor?


Somente um por cento das pessoas conhece um pouco mais profundamente. Poetas, pintores, músicos, dançarinos, cantores têm uma sensibilidade que faz com que eles possam sentir além do corpo. Eles podem sentir as belezas da mente, as sensibilidades do coração, porque eles próprios vivem nesse plano.


Lembre-se que isso é uma regra básica: onde quer que você viva, você não pode ver além disso. Se você vive no seu corpo, se você pensar que é somente seu corpo, você só pode ser atraído pelo corpo de alguém. Esse é o estágio fisiológico do amor.


Porém, um músico, um poeta, vivem num plano diferente. Ele não pensa, ele sente. E devido a que ele vive no coração dele, ele pode sentir o coração de outra pessoa. Isso é geralmente chamado de amor. Isso é raro. Estou dizendo talvez somente um por cento, de vez em quando.


Por que muitos não estão se movendo para o segundo plano se este é tremendamente belo? Mas há um problema: qualquer coisa muito bonita é também muito delicada. Não é um objeto duro, é feito de vidro muito frágil. E uma vez que um espelho cai e se quebra, então não há como reuni-lo novamente.


As pessoas temem se envolverem muito e alcançar as delicadas camadas do amor, porque nesse estágio o amor é tremendamente belo mas também tremendamente mutante.


Sentimentos não são pedras, são como rosas. É melhor ter uma rosa de plástico, porque ela estará sempre lá e todo dia você pode banhá-la e ela estará fresca. Você pode colocar algum perfume francês nela. Se a cor dela desaparecer você pode pintá-la novamente. Plástico é uma das coisas mais indestrutíveis no mundo. Ela é estável, permanente; assim as pessoas param no fisiológico. É superficial, mas é estável.


Poetas e artistas são conhecidos por se apaixonarem todos os dias. O amor deles é como uma rosa. Enquanto está presente ela é tão perfumada, tão viva, dançando ao vento, na chuva, no sol, declarando suas belezas. Mas à noite ela se vai, e você não pode fazer nada para impedir isso.


O mais profundo amor do coração é somente como uma brisa que chega no seu quarto, traz sua frescura, serenidade, e então se vai. Você não pode segurar o vento em suas mãos. Bem poucas pessoas são tão corajosas para viver de momento a momento, uma vida mutante. Daí, elas decidirem se entregarem a um amor do qual elas possam depender.


Eu não sei que tipo de amor você conhece – muito provavelmente o primeiro tipo, talvez, o segundo tipo. E você teme que se você alcançar seu ser, o que acontecerá ao seu amor? Certamente ele se vai – mas você não será um perdedor. Um novo tipo de amor irá surgir o qual, talvez, só acontece a uma pessoa em milhões. Esse amor só pode ser chamado de amorosidade.

O primeiro amor deve ser chamado de sexo. O segundo amor deve ser chamado de amor. O terceiro deve ser chamado de amorosidade – uma qualidade, não direcionada – não possessiva e que não permite ninguém mais lhe possuir. Essa qualidade amorosa é uma revolução tão radical que mesmo concebê-la é muito difícil.


Jornalistas têm me perguntado: "Por que tem tantas mulheres aqui?". Obviamente, a questão é relevante, e eles ficam chocados quando lhes respondo. Eles não estavam preparados para a resposta. Eu disse a eles: "Sou um homem". Eles olharam para mim, incrédulos.

Eu disse: "É natural que muito mais mulheres estejam aqui, pela simples razão de que tudo que elas conheceram na vida delas foi sexo, ou em raros casos, talvez alguns momentos de amor. Mas elas nunca chegaram a conhecer o sabor da amorosidade". Eu disse para esses jornalistas: "Mesmo os homens que vocês vêem aqui desenvolveram muitas qualidades femininas neles que estavam reprimidas pela sociedade exterior".


Desde o princípio é dito a um menino: "Você é um menino, não uma menina. Comporte-se como um menino! Lágrimas caem bem numa menina, mas não para você. Seja macho". Assim todo menino vai eliminando suas qualidades femininas. E tudo que é belo é feminino.Então finalmente o que resta é somente um animal selvagem. Toda a função dele é reproduzir filhos.

A menina não é permitida ter qualquer coisa com qualidades masculinas. Se ela quiser subir numa árvore ela será impedida imediatamente: "Isso é para meninos, não para meninas!" Estranho! Se a menina possui o desejo de subir na árvore, isso é prova suficiente para ela ter permissão.


Todas as sociedades criaram roupas diferentes para os homens e para as mulheres. Isso não está certo; porque todo homem é também uma mulher. Ele veio de duas fontes: o pai e a mãe. Ambos contribuíram para seu ser. E toda mulher é também um homem. Nós destruímos ambos.

A mulher perdeu toda a coragem, aventura, raciocínio, lógica, porque essas são tidas como qualidades masculinas. E o homem perdeu a graça, sensibilidade, delicadeza. Ambos se tornaram metades. Esse é um dos maiores problemas que temos que resolver – pelo menos para nosso povo.


Meus sannyasins precisam ser ambos: metade homem, metade mulher. Isso os tornará mais ricos. Eles irão ter todas as qualidades que estão disponíveis aos seres humanos, não apenas a metade.


No nível do ser, você simplesmente tem uma fragrância de amorosidade.


Os jornalistas me perguntaram: "Você ama Sheela?". Eu disse: "É claro. Mas eu amo tantas mulheres que nem mesmo sei o nome delas. E não somente mulheres – amo tantos homens, porque eles também são metade mulher". Em um milhão de sannyasins ao redor do mundo, eu não posso apontar para uma só pessoa e dizer: "Essa é a pessoa que amo".


Só posso dizer: "Eu amo". Quem quer que esteja pronto para receber meu amor... está disponível. Então não tenham receio.


Seu medo está certo: o que você tem como amor irá embora, mas o que virá no lugar é imenso, infinito. Você será capaz de amar sem ficar apegado. Você será capaz de amar muitas pessoas porque amar uma pessoa só é manter a si mesmo pobre. Uma pessoa pode dar uma certa experiência de amor, mas amar muitas pessoas...


Você ficará surpreso que cada pessoa lhe dá um novo sentimento, uma nova canção, um novo êxtase. Consequentemente, sou contra o casamento. Na minha visão, casamentos na comuna devem ser dissolvidos. Pessoas podem viver juntas por toda a vida se quiserem, mas isso não é uma necessidade legal.


Pessoas devem se movimentar, ter tantas experiências de amor quanto possível. Não devem ser possessivos. Possessividade destrói o amor. E eles não devem ser possessivos porque isso novamente destrói ser amor.


Todos os seres humanos são dignos de serem amados. Não há nenhuma necessidade de ficar acorrentado a uma pessoa por toda sua vida. Essa é uma das razões do porquê todas as pessoas ao redor do mundo parecem tão entediadas.


Porque elas não podem sorrir como você? Porque elas não podem dançar como você? Elas estão acorrentadas com correntes invisíveis: casamento, família, marido, esposa, filhos. Elas estão sobrecarregadas com todo tipo de deveres, responsabilidades, sacrifícios. E você quer que eles sorriam e dancem e se alegrem? Você está pedindo o impossível.


Torne o amor das pessoas livre, torne as pessoas não-possessivas. Mas isso só pode acontecer se na sua meditação você descobrir o seu ser. Não é nada para se praticar. Não estou lhes dizendo: "Hoje à noite você procure uma outra mulher apenas para praticar". Você não irá conseguir coisa alguma e você pode perder sua esposa. E pela manhã você vai parecer tolo.


Isso não é uma questão de praticar, é uma questão de descobrir o seu ser. A qualidade da amorosidade impessoal segue a descoberta de seu ser. Assim você simplesmente ama.

E isso vai se espalhando. Primeiro, nos seres humanos, depois nos animais, pássaros, árvores, montanhas, estrelas. Um dia chega quando todo esse universo é seu amado. Esse é o nosso potencial. E qualquer um que não estiver realizando isso está desperdiçando sua vida.


Sim, você terá que perder algumas coisas, mas são coisas sem valor. Você estará ganhando tanto que você nunca pensará novamente no que você perdeu. Uma pura amorosidade impessoal que possa penetrar no ser de qualquer um – esse é o resultado da meditação, do silêncio, do mergulhar profundo dentro de seu próprio ser. Estou simplesmente tentando lhe persuadir. Não tenha medo de perder o que você tem.