Páginas Flauteantes
Um Salto Iluminante
As gramas brilham cada dia mais verdejantes desde seu primeiro e único verdejar!
Não imagino o quanto possam brilhar no amanhã, ah meu verdejante deus...
O quanto possam brilhar nos verdejantes dias estrelados a chegar, os dias que a mim chegarão.
Que em mim estarão dentro de alguns instantes tão divinos.
Eis que impulsiono meus membros corporais, no ar profundo que me acolhe, entre cada movimento que me conduz.
Um movimento vivo, onde me faz vasto monumento... Dia risonho, um dia surpreendente, totalmente lindo.
Fortemente lindo, arrebatadoramente lindo, transbordou-se todo de meu coração tomando-me por completo, numa cachoeira de tamanho continental feita de céus, pedaços de todos os céus, gotas de universo, pedaços de aventuras inimagináveis.
Os dias dançam em torno deste Dia.
Arremesse seus braços ao infinito, e gire-gire ao infinito.
Engulo-me com felicidade nunca antes assim BONITA.
Infiniteando facilidades nas grutas despertantes, de ilusões serpenteantes, nunca antes, assim INFINITA,
assim sem palavras
MUITO MUITO LONGE
das pequenas palavritas...
Abstraguar-me
Chuva que cai.
Onde nenhum navegante jamais sonhou navegar
Pode ser dado na mesma rapidez
Com que esta Beleza me atira um grito.
Um grito cheio de flores que riem! Que riem!
Um mergulho rumo às estrelas
Pode ser dado na mesma profundidade
Que qualquer profundeza pode ter
Que qualquer beleza você pode escolher
No lugar onde nenhum navegante jamais sonhou explorar
Enquanto não viu que as estrelas, coração e olhos
Eram também seu Mar.
Não foi preciso mais buscá-la...
Retrato Luminário
Nuvem Pomposa
O Farfalho que Amaciou
VIRTUDE
Fazer boas coisas traz respeitabilidade, dá a você uma boa sensação no ego, faz com que você sinta que é importante, significativo – não somente aos olhos do mundo, mas também aos olhos de Deus –, que você pode ficar de pé e até mesmo encontrar Deus e mostrar todos os seus bons feitos. Isso é exaltar o ego, e a religiosidade não pode exaltar o ego.
Não que uma pessoa religiosa seja imoral, mas ela não é moral – ela é amoral. Ela não tem caráter fixo. Seu caráter é líquido, vivo, movendo-se momento a momento.
Ela responde às situações não de acordo com uma atitude, ideia ou ideologia fixa; ela simplesmente responde a partir de sua consciência. Sua consciência é seu único caráter, e não há outro caráter.
Claedênea (John Lucas 2011)
Meditação
Águas Belas de Cachoeiras Multi-Esferas (áudio)
A cachoeira é o templo do tempo. A correnteza que salta das alturas e deságua pelas próprias águas, que se abraçam firmes. Deságuam pelas pedras a rolar, pela vegetação a acariciar.
Caminho com cuidado, e vou adentrando pela chuva de inspirações que preenchem a esfera de minha mente. O silêncio é suave e fino, em cima do aglomerado sonoro que é a própria cachoeira caindo! Uma cachoeira de sons! Caminho contra a correnteza, de encontro ao pé da queda cristalina. Olho ao redor, a correnteza atravessando minhas pernas.
É o tempo... Ta voltando tudo pra trás e eu to aqui quieto em fino instante agora!
Ondas da água do tempo, que alimentam aqueles que são alimentados pelo tempo.
Que alimentam aqueles que são alimentados por ele.
Alimenta o que é alimentado.
Eu avanço no tempo, pois, estou agora neutro. Enquanto estou num único ponto do tempo, o Agora, o tempo vai correndo pra trás, correndo pra trás, mas estou vivo agora e o futuro se abre o tempo todo. Eu sou o Agora. O futuro vem pra trás. O vento traz, a água leva!
Ondas do ar do vento, que congelam meu corpo, gotinhas infinitas em meus poros infinitos, expandindo. A água que jorra das quedas é quase ar, mas há muita água também. A água viaja no ar e se torna ele. E o ar se torna o mais profundo ar!
Vou caminhando, escalando pedras, acompanhando o verde da floresta que guarda a água que mora neste coração da natureza! Sento no alto de uma pedra alta para amar.
Lá no sol da galáxia explosões gigantes bailando discretas. Aqui recebo como grande calor, que me aquece, me esquenta. Calor único, que não varia. Roupas e roupas protegem meu corpo da radiação cósmica.
No alto da pedra, abaixo de árvores diferentes que sobem um morro muito alto, mas tão mais alto.
No alto da pedra aqui embaixo, com as flores brancas, folhas verdes, do outro lado da alegoria da água.
No alto da pedra, com diversas borboletas em sua bem-aventurança, e os insetos conscientes do que são. Ouço o som do tempo que desmancha na matéria, na matéria que molha que refresca em sua transparência. Tão transparente que não fica quente, ela gela.
No alto da pedra o calor do deserto, o calor carregado no ar, com as manchas de frio saltando do ar, consumindo novos ares.
Minha pele grita para mim. Consciência além dessas fronteiras, pois aqui não é a nossa dimensão. Mas há os sinais de onde somos. Se a face da alma sente algo, o leva até nisso que se sente, porque veio de algum lugar. Vamos pra esse lugar. Seja o lugar, e descanse... e de onde este lugar surgiu? Mergulhe mais, viva mais.
Para Agora é o Sempre, não existe outro sempre.
Ou não haveria de vivenciar o Infinito.
O Tempo Cósmico a Desaguar... (áudio)
Tempo dentro, do Universo
Une o tempo nos versos
Verso une tempo
Vento, verso, dentro, desverso, universo, tentro, dempo, multiverso afora
Universo Momento, mundo, dentro, tempo, mundo, momento
Universo respira, respira em respiração... Para o mundo profunda respiração.
O Tempo engole o Momento, mas o momento é sempre momento e não muda de forma, porque ao ser engolido, está no momento engolido, e o momento é que está em momento.
A casca do momento! Um instante do plasma momentâneo na teia do tempo, que suga a mudança, o momento plasmático...
Momento Unificado
Não pode ser prolongado
Assim entrando no tempo
Do olhar acelerado
O momento transcende o tempo
No momento não existe ar, não existe vento
No momento Sou Eu Sou, o Sol em instrumento
Instrumentando por amor, por amor, por amor
Nem coisas existem, as coisas são coisas
O abstrato perfura o concreto
Com a violenta suavidade que vai necessitar
O que tem que ser? Não tem que sentir.
Já É, já. Só Seja. Vamos sendo.
Sendo, sendo, posso estar nem vendo
Vou acendendo a chama que estou sendo
Sol que este Sou que estou sendo
Que estou Quietos! - acendo amor, sendo o Ah!
Acendo amor radiante
Sendo amor, muito amor
Somos poucos pro amor
Suficientes
Porque é o amor que nos contêm
Contem com tempo, tempo que não existe
Somos nós formados de amor, amor que flameja existência
Amor dos meus planetas
Os planetas do meu amor
Nos anéis de fogo e do ar. Da água e do vento.
E o campo sutil ao qual o amor comporta.
Poesias são apenas o pedaço poético
Degraus que vão até certo ponto
O ponto fundamental!
Surretalhos da Existência (áudio)
Costurando os Retalhos da Existência
Praias de pedra
.
Costurando pensamentos nos retalhos da existência
.
Retalhos esses que são as poeirinhas que desfiaram do verdadeiro manto. Fios desgovernados no nada... Mas para quem mora na linha, a referência é a costura... Pois lá se vai a costura e seus retalhozinhos pensantes, nas poeirinhas pensantes.
São pedras personificadas.
.
Mas quanta personalidade!
Personas...
...Trocando uma máscara por outra...
...Mascarando uma troca por uma outra...
Penso, logo penso que existo.
Penso, logo penso que existo!
.
Não sei quem sou, pois não sou quem sei.
Não sou quem sei, pois não sei quem sou...
.
Quantas voltas pode uma chave dar,
Fechadura abrir, fechar abrer abrar?
Ou... Pedra sou?
Penso que fechou.
Do céu sol me ri.
...
Elevai-me Astral Que-me-abri Que da semente só senti
Não sou eu.
Ondas Magistrais (áudio)
São o mais fino limiar.
As muralhas aquarelas da auréola do Ondular desmorona-se na finura do mais fino limiar.
As auras são brilhantes, estas brilhantes auras auriculares da aquarelância dos maleáveis furacões aqua-quânticos imersos a Um Magistral Comando.
Com sua magia, anda com maestria, galgando a suave primosia.
Afundai-vos de uma vez por todas nas Ondas Magistrais.
Achareis a Magistral Quietude das profundezas divinas, repousando na eternidade que a contém.
Oceano Orquestral, nuvem sideral.
As nuvens que navegam nas magistrais ondas.
Por onde anda a onda eu ainda nado no Nada.
No Magistral que dá início, a tudo acaba.
Como poeira que some do passado que galga.
Sumamos meus humanos!
Libélula Prateada (áudio)
Na Cidade dos Pobres (Gibran)
No Universo exterior assim como no Universo interior
O que não pode ser visto pelos olhos, mas por meio do qual os olhos podem ver, é unicamente Brahma, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram. O que não pode ser escutado pelos ouvidos, mas por meio do qual os ouvidos são capazes de ouvir, é unicamente Brahma, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram... Aquilo que não pode ser compreendido pela mente, mas por meio da qual a mente consegue pensar, é conhecido unicamente como Brama, o Espírito, e não o que as pessoas aqui adoram.
Deixe as mãos dançarem
As mãos estão profundamente ligadas ao cérebro: a mão direita, com o lado esquerdo do cérebro; a mão esquerda, com o lado direito do cérebro.
Se você der total liberdade de expressão aos seus dedos, muitas tensões acumuladas no cérebro serão aliviadas. Essa é a maneira mais fácil de aliviar o mecanismo do cérebro, suas repressões, sua energia não usada. Suas mãos são perfeitamente capazes de fazer isso.
Algumas vezes você sentirá que sua mão esquerda está erguida, outras a direita. Não imponha nenhum padrão; qualquer que seja a necessidade da energia, ela tomará aquela forma.
Quando o lado esquerdo do cérebro desejar liberar energia, ele desencadeará uma forma determinada. Quando o lado direito do cérebro estiver muito sobrecarregado com a energia, haverá um gesto diferente.
Você pode se tornar um grande meditador por meio dos gestos das mãos. Assim, sente-se em silêncio e brinque, dê permissão às mãos e ficará surpreso: isso é mágico. Você não precisa pular, correr ou fazer muita meditação caótica. Apenas as suas mãos serão suficientes.
A Maçã de como uma Pálpebra segura uma Lágrima
Princípios dos Milagres em UCEM
Do Bem e o Mal (Gibran)
E ele respondeu: "Do bem que está em vós, poderei falar, mas não do mal. Pois que é o mal senão o próprio bem torturado por sua fome e sede?
Em verdade, quando o bem sente fome, procura alimento até nos antros escuros, e quanto sente sede, desaltera-se até em águas estagnadas.
Vós sois bons quando vos identificais com vós mesmos. Mas não sois maus quando deixais de vos identificar com vós mesmos.
Pois a casa que se divide não se torna antro de ladrões: é, apenas, uma casa dividida.
E um navio sem leme pode vaguear sem rumo entre recifes perigosos, e não se afundar.
Vós sois bons quando vos esforçais por dar de vós próprios. Mas não sois maus quando vos limitais a procurar o lucro. Pois, quando lutais pelo lucro, sois simplesmente raízes que se agarram a terra e lhe sugam o seio.
Certamente, a fruta não pode dizer à raiz: "Sê como eu, madura e plena, e sempre generosa de tua abundância."
Pois, para a fruta, dar é uma necessidade como, para a raiz, receber é uma necessidade.
Vós sois bons quando falais plenamente acordados. Porém, não sois maus quando adormeceis enquanto vossa língua tartamudeia sem propósito: Mesmo um discurso gaguejante pode fortalecer uma língua débil.
Vós sois bons quando andais rumo a vosso objetivo, firmemente e com passos intrépidos. Porém, não sois maus quando ides coxeando: Mesmo aqueles que coxeiam não andam para trás. Mas vós que sois fortes e velozes, guardai-vos de coxear por complacência na presença dos coxos.
Vós sois bons de inúmeras maneiras, e não sois maus quando não sois bons: Estais apenas ociosos e indolentes. Pena que as gazelas não possam ensinar a velocidade às tartarugas!
Na vossa ânsia pelo nosso Eu-gigante está vossa bondade; e essa ânsia está em todos vós. Mas em alguns, essa ânsia é uma torrente que se precipita impetuosamente para o mar, carregando os segredos das colinas e as canções da floresta;
Em outros, é uma corrente preguiçosa que se perde em meandros e serpenteia. arrastando-se, antes de atingir a costa.
Mas que aquele que muito deseja se guarde de dizer àquele que pouco deseja: "Por que és lento e atrasado?"
Pois o verdadeiramente bom não pergunta ao desnudo: "Onde está tua
roupa?" nem ao desabrigado: "Que aconteceu à tua casa?"
Preenchido com seu próprio Ser
Basta fechar seus olhos, e enquanto o vento estiver passando através da árvore provocando um farfalhar das folhas, sinta que você também é como uma árvore, aberto, e o vento está soprando através de você – não pelo seu lado, mas direto através de você.
O farfalhar da árvore penetrará em você, e você sentirá que o ar está passando por cada poro de seu corpo. Está realmente passando através de você. Isso não é só imaginação, é um fato – você esqueceu.
Você não está só respirando pelo nariz, você está respirando através do corpo todo – por cada poro dele, por milhões de poros.Se lhe for permitido respirar através do nariz, mas todos os poros de seu corpo estiverem fechados, você irá morrer dentro de três horas. Você não pode ficar vivo respirando somente pelo nariz.
Cada célula de seu corpo é um organismo vivo, e cada célula está respirando. O ar está realmente passando através de você, mas você perdeu o contato. Portanto, sente-se sob uma árvore e sinta.
No princípio irá parecer imaginação, mas logo se tornará uma realidade. É uma realidade – que o ar está passando através de você. Então se sente sob o sol nascente, e não somente sinta que os raios do sol estão lhe tocando, mas que eles estão penetrando em você e passando através de você, assim você fica vulnerável, você começa a sentir-se aberto.
O ego é a barreira. Quando você sente que você é, você é tanto que nada pode lhe penetrar. Você está preenchido com seu próprio ser. Quando você não é, então tudo pode passar através de você. Você se tornou tão vasto que mesmo o divino pode passar através de você.
Toda a existência agora está pronta para passar através de você, porque você está preparado. Assim toda a arte da religião é como não ser, como se dissolver, como se render, como se tornar um espaço aberto.
Algo eterno e esquecido
Nós apenas nos esquecemos; é só uma questão de lembrarmos. Está lá, no centro de nosso ser.
Tudo o que temos a fazer é ir fundo, mergulhar no fundo de nosso ser e ver, perceber, reconhecer.
Portanto, a jornada não é exatamente uma jornada. Não vamos a lugar algum. Só temos de nos sentar em silêncio e ser.
Primeiro a rosa do coração tem de se abrir...
Você não pode dar algo que não tem, só pode dar aquilo que já tem. Se a rosa interior não se abre, todo seu amor nada mais é que palavras. Se a rosa interior se abre, não há necessidade de dizer coisa alguma, nenhuma palavra é necessária. A fragrância em si basta para transmitir a mensagem.
Não importa o lugar em que você esteja ou a pessoa que lhe faça companhia, o amor irradia, pulsa, torna-se uma dança constante de energia ao redor. Mas, primeiro, a rosa do coração tem de se abrir — e ela só pode se abrir se você suprir a necessidade básica, que é a bem-aventurança.
As pessoas amam por desespero. Essa é a coisa mais impossível, não pode acontecer pela própria natureza da existência, não é possível.
As pessoas amam porque estão tristes. Elas procuram o outro porque estão solitárias, e o amor só é possível quando você é feliz. O amor só é possível quando você não se sente sozinho, e sim quando está sozinho; quando você não está chateado consigo mesmo, mas encantado, extasiado consigo.
A meditação ajuda você a ser bem-aventurado... E esta é a corrente: a meditação o deixa bem-aventurado, a bem-aventurança ajuda a rosa do coração a se abrir, e o amor então vem naturalmente, assim como a fragrância vem da rosa.
Como você pode saber se alguém realmente lhe ama?
Existem três camadas no indivíduo humano: sua fisiologia, o corpo; sua psicologia, a mente; e seu ser, seu eu eterno. Amor pode existir em todos os três planos, mas suas qualidades serão diferentes.
No plano da fisiologia, do corpo, é simples sexualidade. Você pode chamar isso de amor, porque a palavra 'amor' parece ser poética, bela. Mas noventa e nove por cento das pessoas estão chamando o sexo delas de amor. Sexo é biológico, psicológico. Sua química, seus hormônios – tudo que é material está envolvido nisso.
Você se apaixona por um homem ou por uma mulher. Você pode descrever exatamente porque essa mulher lhe atraiu? Certamente você não pode ver o eu dela, você ainda nem viu seu próprio eu. Você também não pode ver a psicologia dela, porque para ler a mente de alguém não é uma tarefa fácil. Então o que é que você viu nessa mulher?
Alguma coisa na sua fisiologia, na sua química, nos seus hormônios, se sente atraído pelos hormônios, pela fisiologia, pela química da mulher. Isso não é um caso de amor; isso é um caso químico. Pense bem: a mulher por quem você se apaixonou vai ao médico, muda de sexo, deixa a barba e o bigode crescerem. Você ainda fica apaixonado por ela? Nada mudou, somente a química, os hormônios. Para onde foi seu amor?
Somente um por cento das pessoas conhece um pouco mais profundamente. Poetas, pintores, músicos, dançarinos, cantores têm uma sensibilidade que faz com que eles possam sentir além do corpo. Eles podem sentir as belezas da mente, as sensibilidades do coração, porque eles próprios vivem nesse plano.
Lembre-se que isso é uma regra básica: onde quer que você viva, você não pode ver além disso. Se você vive no seu corpo, se você pensar que é somente seu corpo, você só pode ser atraído pelo corpo de alguém. Esse é o estágio fisiológico do amor.
Porém, um músico, um poeta, vivem num plano diferente. Ele não pensa, ele sente. E devido a que ele vive no coração dele, ele pode sentir o coração de outra pessoa. Isso é geralmente chamado de amor. Isso é raro. Estou dizendo talvez somente um por cento, de vez em quando.
Por que muitos não estão se movendo para o segundo plano se este é tremendamente belo? Mas há um problema: qualquer coisa muito bonita é também muito delicada. Não é um objeto duro, é feito de vidro muito frágil. E uma vez que um espelho cai e se quebra, então não há como reuni-lo novamente.
As pessoas temem se envolverem muito e alcançar as delicadas camadas do amor, porque nesse estágio o amor é tremendamente belo mas também tremendamente mutante.
Sentimentos não são pedras, são como rosas. É melhor ter uma rosa de plástico, porque ela estará sempre lá e todo dia você pode banhá-la e ela estará fresca. Você pode colocar algum perfume francês nela. Se a cor dela desaparecer você pode pintá-la novamente. Plástico é uma das coisas mais indestrutíveis no mundo. Ela é estável, permanente; assim as pessoas param no fisiológico. É superficial, mas é estável.
Poetas e artistas são conhecidos por se apaixonarem todos os dias. O amor deles é como uma rosa. Enquanto está presente ela é tão perfumada, tão viva, dançando ao vento, na chuva, no sol, declarando suas belezas. Mas à noite ela se vai, e você não pode fazer nada para impedir isso.
O mais profundo amor do coração é somente como uma brisa que chega no seu quarto, traz sua frescura, serenidade, e então se vai. Você não pode segurar o vento em suas mãos. Bem poucas pessoas são tão corajosas para viver de momento a momento, uma vida mutante. Daí, elas decidirem se entregarem a um amor do qual elas possam depender.
Eu não sei que tipo de amor você conhece – muito provavelmente o primeiro tipo, talvez, o segundo tipo. E você teme que se você alcançar seu ser, o que acontecerá ao seu amor? Certamente ele se vai – mas você não será um perdedor. Um novo tipo de amor irá surgir o qual, talvez, só acontece a uma pessoa em milhões. Esse amor só pode ser chamado de amorosidade.
O primeiro amor deve ser chamado de sexo. O segundo amor deve ser chamado de amor. O terceiro deve ser chamado de amorosidade – uma qualidade, não direcionada – não possessiva e que não permite ninguém mais lhe possuir. Essa qualidade amorosa é uma revolução tão radical que mesmo concebê-la é muito difícil.
Jornalistas têm me perguntado: "Por que tem tantas mulheres aqui?". Obviamente, a questão é relevante, e eles ficam chocados quando lhes respondo. Eles não estavam preparados para a resposta. Eu disse a eles: "Sou um homem". Eles olharam para mim, incrédulos.
Eu disse: "É natural que muito mais mulheres estejam aqui, pela simples razão de que tudo que elas conheceram na vida delas foi sexo, ou em raros casos, talvez alguns momentos de amor. Mas elas nunca chegaram a conhecer o sabor da amorosidade". Eu disse para esses jornalistas: "Mesmo os homens que vocês vêem aqui desenvolveram muitas qualidades femininas neles que estavam reprimidas pela sociedade exterior".
Desde o princípio é dito a um menino: "Você é um menino, não uma menina. Comporte-se como um menino! Lágrimas caem bem numa menina, mas não para você. Seja macho". Assim todo menino vai eliminando suas qualidades femininas. E tudo que é belo é feminino.Então finalmente o que resta é somente um animal selvagem. Toda a função dele é reproduzir filhos.
A menina não é permitida ter qualquer coisa com qualidades masculinas. Se ela quiser subir numa árvore ela será impedida imediatamente: "Isso é para meninos, não para meninas!" Estranho! Se a menina possui o desejo de subir na árvore, isso é prova suficiente para ela ter permissão.
Todas as sociedades criaram roupas diferentes para os homens e para as mulheres. Isso não está certo; porque todo homem é também uma mulher. Ele veio de duas fontes: o pai e a mãe. Ambos contribuíram para seu ser. E toda mulher é também um homem. Nós destruímos ambos.
A mulher perdeu toda a coragem, aventura, raciocínio, lógica, porque essas são tidas como qualidades masculinas. E o homem perdeu a graça, sensibilidade, delicadeza. Ambos se tornaram metades. Esse é um dos maiores problemas que temos que resolver – pelo menos para nosso povo.
Meus sannyasins precisam ser ambos: metade homem, metade mulher. Isso os tornará mais ricos. Eles irão ter todas as qualidades que estão disponíveis aos seres humanos, não apenas a metade.
No nível do ser, você simplesmente tem uma fragrância de amorosidade.
Os jornalistas me perguntaram: "Você ama Sheela?". Eu disse: "É claro. Mas eu amo tantas mulheres que nem mesmo sei o nome delas. E não somente mulheres – amo tantos homens, porque eles também são metade mulher". Em um milhão de sannyasins ao redor do mundo, eu não posso apontar para uma só pessoa e dizer: "Essa é a pessoa que amo".
Só posso dizer: "Eu amo". Quem quer que esteja pronto para receber meu amor... está disponível. Então não tenham receio.
Seu medo está certo: o que você tem como amor irá embora, mas o que virá no lugar é imenso, infinito. Você será capaz de amar sem ficar apegado. Você será capaz de amar muitas pessoas porque amar uma pessoa só é manter a si mesmo pobre. Uma pessoa pode dar uma certa experiência de amor, mas amar muitas pessoas...
Você ficará surpreso que cada pessoa lhe dá um novo sentimento, uma nova canção, um novo êxtase. Consequentemente, sou contra o casamento. Na minha visão, casamentos na comuna devem ser dissolvidos. Pessoas podem viver juntas por toda a vida se quiserem, mas isso não é uma necessidade legal.
Pessoas devem se movimentar, ter tantas experiências de amor quanto possível. Não devem ser possessivos. Possessividade destrói o amor. E eles não devem ser possessivos porque isso novamente destrói ser amor.
Todos os seres humanos são dignos de serem amados. Não há nenhuma necessidade de ficar acorrentado a uma pessoa por toda sua vida. Essa é uma das razões do porquê todas as pessoas ao redor do mundo parecem tão entediadas.
Porque elas não podem sorrir como você? Porque elas não podem dançar como você? Elas estão acorrentadas com correntes invisíveis: casamento, família, marido, esposa, filhos. Elas estão sobrecarregadas com todo tipo de deveres, responsabilidades, sacrifícios. E você quer que eles sorriam e dancem e se alegrem? Você está pedindo o impossível.
Torne o amor das pessoas livre, torne as pessoas não-possessivas. Mas isso só pode acontecer se na sua meditação você descobrir o seu ser. Não é nada para se praticar. Não estou lhes dizendo: "Hoje à noite você procure uma outra mulher apenas para praticar". Você não irá conseguir coisa alguma e você pode perder sua esposa. E pela manhã você vai parecer tolo.
Isso não é uma questão de praticar, é uma questão de descobrir o seu ser. A qualidade da amorosidade impessoal segue a descoberta de seu ser. Assim você simplesmente ama.
E isso vai se espalhando. Primeiro, nos seres humanos, depois nos animais, pássaros, árvores, montanhas, estrelas. Um dia chega quando todo esse universo é seu amado. Esse é o nosso potencial. E qualquer um que não estiver realizando isso está desperdiçando sua vida.
Sim, você terá que perder algumas coisas, mas são coisas sem valor. Você estará ganhando tanto que você nunca pensará novamente no que você perdeu. Uma pura amorosidade impessoal que possa penetrar no ser de qualquer um – esse é o resultado da meditação, do silêncio, do mergulhar profundo dentro de seu próprio ser. Estou simplesmente tentando lhe persuadir. Não tenha medo de perder o que você tem.