Polar Mente

Os gritos e lobos distorceram-se num quase eco. Chegara pois ao orbe da floresta.
Quem gritava era o lobo. E lobos eram o lobo.
Tão logo os ramos farfalhavam, e sua atmosfera de ressonância então pulsava, pelo solo, permeando as raizes centenárias e as muitas folhas secas, cujas presenças mortas estendiam por imenso solo até reviver nos vales ocultos, dali distantes.
E tão logo o grito silenciara, para assim, a farfalhada das folhas no colo das árvores se calar. A respiração das árvores fazia ouvir o som dos outros planos, sussurrando aves aqui e ali, por onde ziquezaqueavam para Onde.
As paredes sem forma, entoadas pela força vital, suspirando os leves tons de vigília, desenhados nos troncos, nos corpos frutíferos arraigados no Ser Planetário, localizado onde e quando, até se extrapolar.

Extra-polar...

Os lobos saltam pelo vale!

Perpétua Transpoer


Anéis de florais, girando sóis, sonorando céus, por embaçados céus que jorram seus carrosséis.
A memória que por eles desagua regurgitando de outrora, as suas lágrimas, que a hora era outra, era a Era de Outrora, mergulhada por Outrem, que em suas horas orava.
Orava. O humilde sibilar de uma Senhora. Orando pelo outro.
Ela diz: "Ora sem hora!"
A regência de outrem a reger o outro, cujos seres somos quanto sou, em nossa maestria, perfilados na sublime regência do surgimento, cujos níveis somem ao surgir, sem surgir, surgem, sobem pelo saber as notas notórias e sorridentes, cujos risos surgem ao sorrir...
Ao sorrir.
Some em certos níveis a aparência... Para transpor a essência.
No luminar da Transparência.
Transparessência.

Transpondo os tons adequados no côncavo funil consciencial.
A Taça...
Aquarelado tom, permeando as fractáceas, velozmente a polir, a sobressair transposições.
Sobreentrando.
Subaprofundando.
A Água dos Lados.
Aqüíferos em erupção de cores e raios. Transparecem córregos pelo Céu Leste.
Lentidão, dente de leão, lar de com fraterno, minha ação.
Confraternizo o ar,
A transpoer, trançar, transéter(nizar), transestar, trans-ser...

Sótão do Recém


Surpreendentemente, as paredes permaneceram quietas. Sabe, não era assim de se esperar! Ninguém esperava.
Elas talvez não nos esperassem tanto.
As janelas bem fechadas e um assobio mínimo das películas de vento que conseguiam se infiltrar no quarto.
Ainda se misturava ao ar de dentro.
Ainda isso...
Éramos algumas pessoas. Meus ouvidos não puderam ouvir, mas o tom do ar anunciou... Em seguida o tom dissolveu em si.
Todo mundo tava ali.
A gente tava.

Havia uma longa cortina muito velha cobrindo toda a extensão da parede, cuja janela era também muito velha. Não mais velha do que a cortina...
Ninguém dos mais novos soube. Fato era que... que o esquecimento.
A sutileza do movimento da cortina. Parada se torna certeira.
A respiração dos outros, o fôlego e o pensamento, tudo sutil. E curioso.
Juntando tudo, um pouco menos sutil... Mas daí uma sutileza extrema erguia-se remontada no aposento, delineando o antigo tecido.
Pois que no trajeto da ondulação da cortina, o silêncio foi gritante, mas de um conforto sem igual, sendo que eu sentia a surpresa a qual... a qual...
Ainda antes eu tivera o riso singelo.

Surpreendentemente, as paredes permaneceram quietas.

Praias de Pedra


Pedras
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Costurando pensamentos nos retalhos da existência
.
Retalhos esses que são as poeirinhas que desfiaram do verdadeiro manto. Fios desgovernados no nada... Mas para quem mora na linha, a referência é a costura... Pois lá se vai a costura e seus retalhozinhos pensantes, nas poeirinhas pensantes.
São pedras personificadas.
.
Mas quanta personalidade.
Personas...
...Trocando uma máscara por outra...
...Mascarando uma troca por uma outra...
Penso, logo penso que existo.
.
Não sei quem sou, pois não sou quem sei.
.
Quantas voltas pode uma chave dar,
Fechadura abrir, fechar abrer abrar?
Ou... Pedra sou?
Penso que fechou.
Do céu sol me ri.
...
Elevai me Astral Quemeabri Que da semente só senti
Não sou eu.